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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Lipoaspiração não combinada com exercícios pode ser danosa

lipoaspiração
A realização da lipoaspiração não acompanhada de exercícios regulares no pós-operatório pode acarretar em um aumento significativo da gordura visceral, localizada na região entre os órgãos e extremamente danosa, pois está associada ao aumento do risco cardiovascular. Um estudo Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP mostra a importância da realização de exercícios físicos após a cirurgia. A prática inibe o aumento dessa gordura e responde bem ao tratamento.
Na pesquisa de doutorado Efeitos da lipoaspiração acompanhada de treinamento físico no perfil metabólico e na composição corporal de mulheres adultas eutróficas e saudáveis, a pesquisadora Fabiana Braga Benatti Fabiana recrutou 36 mulheres, com o Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 30, para realização da lipoaspiração na região abdominal. O IMC é calculado a partir do peso da pessoa em quilogramas, dividido pela sua altura em metros elevada ao quadrado. O grupo foi igualmente dividido em “mulheres treinadas” e “mulheres sedentárias”. Dois meses depois da cirurgia, o primeiro foi submetido à uma série de exercícios de força e aeróbicos, por três vezes semanais, durante quatro meses e o segundo permaneceu sem fazer atividades regulares. Uma bateria de exames foi feita antes e depois do processo e serviu se base para toda a pesquisa.
No grupo das mulheres sedentárias, o ganho da massa visceral se deu em 10%. O fato não foi percebido pelas pacientes, pois o aumento desta gordura interna do corpo é dificilmente identificado no dia a dia já que não representa grandes proporções em termos visuais. Isso aumenta a importância do estudo, já que dificilmente estes dados seriam alcançados se não por um acompanhamento detalhado durante o pós-operatório.
Já no grupo de mulheres treinadas, não houve aumento da gordura visceral. O treinamento físico preveniu este aumento. Uma possível explicação para isso é o fato deste tipo de gordura ser metabolicamente ativo e mais responsivo ao aumento das concentrações de adrenalina que ocorrem durante o exercício físico. Além disso, o treinamento físico preservou o gasto energético das mulheres treinadas, o que pode ter contribuído para seus efeitos benéficos observados.
Balanço geral da cirurgia
O peso foi recuperado em ambos os grupos. “A cirurgia não tem como objetivo a redução de peso, que diminui em média 1%. A pretensão da lipoaspiração é retirar a gordura localizada e modelar o corpo do paciente”, diz Fabiana. No caso das mulheres sedentárias, contudo, o peso retornou possivelmente pelo novo ganho de massa gorda, favorecida pelo estilo de vida levado. O metabolismo se esforça para manter uma constante e isso inclui o peso.

A diminuição do gasto energético durante dietas restritivas normalmente é atribuída à perda de massa magra. Como não se percebeu perda de massa magra durante o estudo, este resultado foi considerado inesperado. “Acreditamos que tenha a ver com a perda de massa gorda”, diz Fabiana.
A retirada de massa gorda ocasiona, ainda, a queda nos níveis do hormônio adiponectina, que tem efeito benéfico no corpo. Ele regula a sensibilidade da insulina que, quando alterada, pode gerar uma série de consequências danosas para o corpo, dentre elas a mais conhecida é a diabetes.
Ao contrabalancear os efeitos da lipoaspiração, Fabiana diz que o que deve ser feito é um esclarecimento sobre os efeitos colaterais causados pela cirurgia. “Metabolicamente falando, não vimos nada de benéfico na cirurgia. Ela é um procedimento puramente estético”, conclui. O aumento da gordura visceral e dos riscos que isso traz podem ser evitados, mas para isso é preciso atentar e esclarecer, tanto para médicos quanto para pacientes, a real necessidade de fixação de uma série de exercícios na rotina do pós-operatório
Fonte: Agência USP de Notícias/Paloma Rodrigues

Perda de peso inadequada traz risco de transtorno alimentar

Perda de peso inadequada
Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, pesquisa com 1.167 adolescentes da cidade de São Paulo verificou que 12,2% apresentam comportamentos de risco para transtornos alimentares e 31,9% apresentaram algum tipo de prática não saudável para controle do peso. As práticas de dieta restritiva aumentaram a chance de apresentar comportamentos de risco para transtornos alimentares 17,26 vezes no sexo masculino, e em 12,82 no sexo feminino. A nutricionista Greisse Viero da Silva Leal, autora do trabalho, recomenda que os pais e os adolescentes saibam reconhecer precocemente as atitudes que podem desencadear transtornos alimentares na busca de sua prevenção.
Foram avaliados adolescentes, com idade média de 16 anos (de 14 a 19 anos), estudantes do ensino médio de 12 Escolas Técnicas do Centro Paula Souza, no município de São Paulo. “Os jovens foram selecionados por meio de sorteio de uma sala de aula de cada ano do ensino médio em cada escola”, diz Greisse. “Para a coleta de dados utilizou-se o Questionário de Atitudes Alimentares de Adolescentes (QAAA), adaptado do questionário utilizado no EAT Project em Minnesota (Estados Unidos) em 2002, coordenado pela pesquisadora americana Dianne Neumark-Sztainer, que avalia atitudes alimentares e seus determinantes em adolescentes, acrescido de quatro  questões sobre comportamentos de risco para transtornos alimentares, desenvolvidas pela pesquisadora australiana Phlippa Hay, em 1998, e adaptadas por Julia Elba de Souza Ferreira e Glória Valéria da Veiga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2008, e a Escala de Silhuetas de Stunkard (1983)”. A pesquisa foi orientada pela professora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da FSP e faz parte de tese de doutorado defendida no último dia 15 de março.

Entre os adolescentes que apresentaram comportamento de risco para transtornos alimentares, 72,5% são do sexo feminino. “Estes comportamentos são caracterizados por compulsão alimentar (10,3%), prática de dieta restritiva (8,7%), uso de diuréticos com o objetivo de emagrecer (1,4%), uso de laxantes com o objetivo de emagrecer (0,3%) e vômito autoinduzido com o objetivo de emagrecer (0,3%)”, conta a nutricionista.
Dos jovens que apresentavam alguma prática não saudável para controle do peso, 66,8% são do sexo feminino. “Estas práticas são comer muito pouca comida com o objetivo de perder peso (20,4%); omitir refeições com o objetivo de perda de peso (20,6%); usar substitutos de refeições e alimentos com o objetivo de emagrecer (7,4%); usar remédios para emagrecer (2,1%) e fumar mais cigarros com o objetivo de emagrecer (1,6%)”.
Imagem corporal
De acordo com o estudo, a leitura de revistas sobre dieta para emagrecer aumentou em 2,87 vezes a chance de apresentar práticas não saudáveis para controle do peso, enquanto que estar satisfeita com a imagem corporal diminuiu esta chance, ou seja, satisfação corporal foi fator protetor. “O que se observa é que cada vez mais as revistas voltadas para o público feminino apresentam dietas para emagrecer e trazem corpos muito magros como ideais de beleza, as adolescentes podem sentir-se insatisfeitas com seus corpos quando comparados aos das modelos das revistas e procurar métodos não saudáveis para perder peso”, diz Greisse.

Entre os adolescentes do sexo masculino, o que mais influenciou as práticas não saudáveis para controle de peso foi o estímulo materno à prática de dietas para emagrecer e a mídia (televisão, artistas de TV e modelos), aumentando o desejo de mudar a aparência corporal. Os riscos das dietas restritivas na adolescência estão relacionados ao fato de que tais dietas são hipocalóricas, ou seja, não atendem as necessidades nutricionais e podem comprometer o crescimento e desenvolvimento adequados.
“Além disso, relacionado aos transtornos alimentares, dietas restritivas causam privação física e emocional que podem desencadear frustração, raiva, ou seja, a pessoa sente-se frustrada por não poder comer certos tipos de alimentos, o que, em algum momento, pode levar à compulsão alimentar e esta, por sua vez, ao sentimento de culpa e medo de engordar, podendo desencadear comportamentos purgativos (vômito autoinduzido, uso de laxantes e diuréticos) compensatórios”, ressalta a nutricionista.
Segundo Greisse, é necessário incentivar o consumo de uma alimentação balanceada, com horários regulares e o consumo de alimentos de todos os tipos, de forma variada e prazerosa, a prática de atividade física de acordo com a aptidão de cada um, sem que seja uma obrigação. “Promover a satisfação corporal é primordial, ressaltando para os adolescentes a existência de diversos tipos de corpos e a impossibilidade de padronização de pesos e tamanhos ou medidas corporais”, observa. “Além disso, é necessário educar os adolescentes sobre a mídia, sobre os malefícios e a ineficência das dietas restritivas presentes em revistas e na internet e sobre a utilização de recursos gráficos que mostram corpos irreais, por exemplo”.
Fonte: Agência USP de Notícias/Júlio Bernades